segunda-feira, 2 de julho de 2012

Benvindos ao Rio de Janeiro.


      Nasci no Rio de Janeiro, em meados do século XX. Tenho um orgulho imenso de ser carioca. Amo esta cidade. Sempre vivi aqui. No Rio, descobri o mundo e a mim mesmo. Aqui fiz todos os meus estudos, cultivei amigos e, acima de tudo, aprendi narcisicamente a me sentir cidadão de uma cidade dita "maravilhosa". O contraste entre o mar e a montanha, entre o antigo e o moderno, a zona norte e a zona sul, o luxo, o lixo, o morro e o asfalto, "o samba, o suor e a cerveja", são todas marcas indeléveis de um Rio que sinto entranhado na minha pele. Sempre gostei de andar flanando pela cidade, sem destino, em busca de novos caminhos, ao encontro do imprevisível, conhecendo o desconhecido.
      Acho que a melhor maneira, de fato, de se conhecer uma cidade é andar a pé. Mas não basta apenas andar. É preciso estar atento, curioso, manter os sentidos aguçados. Um cheiro, um barulho, um detalhe na arquitetura, uma placa com algo escrito, pode ser a chave para se entar num mundo completamente novo e ainda inexplorado, para alguns. Uma cidade guarda dentro de si mesma todas as suas idades e toda a sua história. Alguns sinais são bem nítidos e bastante visíveis, mas outros tantos encontram-se escondidos e imperceptíveis ao olhar fugidio. É claro que só vemos aquilo que queremos ver, portanto, cada qual vê aquilo que mais lhe interessa ou aquilo que mais "precisa" ver. Não se conhece tudo de tudo. Há sempre algo novo a ser descoberto ou revisitado. Da mesma forma que uma mesma coisa pode ser olhada de diversos ângulos ou "pontos de vista", também uma mesma coisa pode nos parecer bonita ou feia, interessante ou não, conforme o colorido dos nossos afetos ou as características de nossa personalidade.
      Amo o Rio de Janeiro, já disse isso...mas tenho um outro amor: é Paris!!
      Foi em algumas viagens a Paris que o meu amor pelo Rio cresceu ainda mais, Não tenho dúvidas, também de que o convívio com a Paris que habita o Rio de Janeiro foi o ponto de partida deste sentimento que tenho em relação à capital francesa. Uma cidade também contém outras cidades dentro dela. É bem fácil e possível de se encontrar no Rio uma Lisboa, uma Salvador ou até uma Miami. No grande caleidoscópio de qualquer cidade muita coisa se mistura e se interpenetra. O Rio Colonial se exibe, sem qualquer constrangimento, com o Rio Imperial. Este, por sua vez, também não se acanha de partilhar espaços com o Rio Republicano. Cabe a nós recriar imagens, reler os símbolos e reinterpretá-los com um olhar moderno usando as ferramentas da realidade e da contemporaneidade.
      Ao se visitar uma cidade podemos adotar uma visão científica ou emocional, mas independente do modo como a exploramos, com certeza, alguma transformação ela nos causará. Ao tomar a decisão de visitar um lugar, alguma coisa já está se processando no sujeito, e não há dúvidas de que esta decisão pertence a um registro que é da ordem da descoberta, da novidade, da procura por algo que nos surpreenda.
      Algumas pessoas preferem o prazer de descobrir as coisas, inesperadamente. Outras preferem ter a companhia de guias que lhes acompanhem nas suas "viagens".
      Acho que por ser psicólogo e, ao mesmo tempo guia de turismo, acabei encontrando uma aproximação entre essas duas funções. Acho que, assim como um terapeuta que se coloca ao lado dos movimentos do desejo do seu cliente num trânsito por terrenos secretos e "desconhecidos", também um guia de turismo pode auxiliar os interessados a "perceber" os vários pontos "não conhecidos" de uma cidade. 
      Quando digo "secreto" não me refiro àquilo que está proibido ou impedido de ser acessado. O secreto pode estar bem diante dos nossos olhos e não conseguirmos enxergar. Muitas pessoas que tenho acompanhado em tours pela cidade, me confessam ao longo do passeio que, embora sejam cariocas ou que já tenham estado na cidade inúmeras vezes, ou mesmo até que trabalhem há muito tempo próximo de um determinado local, sentem-se completamente surpresas por jamais terem se apercebido de um detalhe inusitado ou pela descoberta de alguma coisa " que sempre esteve naquele lugar".
      O Rio de Janeiro é uma das cidades do Brasil mais frequentadas por turistas brasileiros e estrangeiros. Comumente chegam em busca de praias, sol e carnaval, além é claro, das belezas naturais que envolvem a cidade e seus arredores. Alguns pontos da cidade já são verdadeiros ícones mundiais (são os chamados cartões-postais). O que proponho é que os viajantes "descubram" a cidade por todos os ângulos possíveis, especialmente o fabuloso Centro Histórico do Rio de Janeiro.
      Desde a sua fundação, até os dias de hoje, a cidade está em constante evolução e isto significa dizer que muitos lugares podem vir a desaparecer (por razões diversas), vir a se modificar ou sofrer algum tipo de intervenção. Em contrapartida, novos locais são sempre criados, revitalizados, redescobertos ou reinventados.
      Convido-os então a passear pelo Rio. Os finais de semana costumam ser mais proveitosos, visto que o tráfego de veículos e pedestres torna-se bem menor e por conseguinte a cidade fica mais a descoberto. Isto não significa que não se encontre barreiras ou obstáculos. Já vai um pouco longe o tempo em que se podia circular com mais liberdade por ruas, praças e bairros.
      É preciso não esquecer que o respeito à cidade e ao seu patrimônio é um pré-requisito fundamental para qualquer visitante, seja ele morador ou não do lugar, ou como nos ensina Rodolphe Trouilleux: -" o visitante atento é o contrário de um predador; se parte em descoberta de uma cidade, é para tornar-se sua testemunha vigilante e imprevisível, no caso, um protetor. Recompensa suprema, aquele que foi iniciado se tornrá ele próprio o iniciador de seus próximos, de seus amigos e, partilhará com eles seus endereços e histórias, como se partilha um segredo".
      Benvindos ao Rio de Janeiro!

                                                             N.Z.

domingo, 1 de julho de 2012

Rio de Janeiro inscrite au Patrimoine Mondial

Rio de Janeiro, surnommée la "Ville merveilleuse", a reçu le titre de la part de l’Unesco de Patrimoine mondial de paysage culturel urbain par ses fameux paysages cariocas.
Rio de Janeiro, ville de plus de 6 millions d'habitants, a été sacrée a 2012  lors de la 36e session du Comité à Saint-Pétersbourg.  Rio était d’ailleurs la première ville au monde à déposer une candidature à ce titre.